Diz-se que há três coisas que o ser humano deve fazer em vida: ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. Três coisas para deixarmos a nossa marca no mundo.

Na era global pode substituir-se a escrita de um livro pela presença na Internet. O importante é que o nosso saber-fazer, seja o que for, possa ser útil a alguém.

Todos nós sabemos algo que podemos colocar à disposição dos outros. Esta é uma forma de servir os demais. Sejam receitas, contos, histórias, poesia, saberes de antigamente, truques nas mais diversas áreas, o importante é partilhar o que aprendemos e sabemos. Desta forma, o conhecimento não se perde.

Foi com base nesta minha perspetiva que contactei o Ti Marcelo: um homem simples, com uma vida simples mas diferente dos demais, na forma como vê e está na vida. A palavra só é útil se servir para ajudar os outros, em particular, e na evolução do mundo, de uma forma geral. Caso contrário, o silêncio é de ouro. Portanto, a palavra é um poder que Deus colocou à disposição da humanidade para fazer a diferença. É na simplicidade como vê a vida, que o Ti Marcelo escreve: poemas muito simples mas com grande sabedoria. Da junção dos seus poemas com fotos da minha autoria nasceu este projeto. Vinhó, Gouveia e a Serra da Estrela têm lugar de destaque na sua pequena antologia, daí este blogue chamar-se “poemas de um vinhoense”.

Boa leitura.

FAÇO UMA VERSÃO DA REALIDADE

Tenho muito prazer
Por saber quem sou
Filho de um homem de palavra
Herança do meu avô.

Dizia-me a minha mãe
Cumpre bem o teu dever
É o que tenho feito na vida
Farei até morrer.

Tenho vivido às leis de dois regimes
Não dei incómodos às autoridades
Nas horas vagas escrevo poesia
E cultivo as minhas propriedades.

Fui pioneiro na construção de Luanda
Não tive acesso ao fundo cambial
Para mandar as minhas economias
Para a minha terra natal.

Os meus prédios lá ficaram
Ao Deus dará
No decorrer do tempo
A história o julgará.

Sempre tive qualidades de trabalho
Para mim é uma virtude
Hoje, velho e cansado
Vai-me faltando a saúde.

Sem comentários:

Enviar um comentário